Canudos à Contraluz Na Cultura Literária

VAQUEIRO DAS ESTRELAS

VAQUEIRO DAS ESTRELAS  por José Plínio de Oliveira*

  
Vou campeando meu gado
Pelos campos siderais
Na mais plena vaqueirice
Seguindo os meus animais.
Solto a luz do meu aboio
Arrodeio o céu num trote
Afronto o meu alazão
 No remanso de um garrote
A sorte que Deus me deu:
Ser Vaqueiro e ser um Forte.

Pelos campos celestiais
A vaca Ursa-Maior
Mastiga restos de nuvens
E muge para as demais.
Minhas novilhas cadentes
Dentre os seres celestiais
Bebem lágrimas d’Estrelas
E comem raios de sóis.

                                          Pegasus é o meu cavalo
                                          Lepus é o meu cachorro
                                          Meu Sirius é adornado.
                                          O meu Polux encarnado
Minha Crux é minha rede
Minha sede é meu cigarro
Meu pigarro é o meu Draco
Minha vereda é meu Pavo.

Me agarro nas mãos da Lya
E beijo os seios de Alhena.
A minha vida é pequena
Pra tanto encanto de Orion.
Eu deitei na Via Láctea
Um bocado de alegria,
Cantei alto pra Capella
Prostrei-me aos pés de Procyon.

Quando a vida me chamar
Mo’deu cumprir minha sina
Eu fico em cima da sela,
Descanso o pé no estribo.
Não tenho pressa comigo
Sou um vaqueiro prudente
A morte só pega a gente
Se a vida arredar da sorte.

Ah! Se eu tivesse uma pena
Feita de plumas de Almaith
Pra escrever um recado
Na cratera de um Cometa.
Meu boi não usa careta
Nem chocalho martelado,
No descampado celeste
Não tem bigorna nem fole
Quem foge do seu destino
Não merece este bocado.



                    Serrinha, 15/5/15

                                             
                                
*PROFESSOR DE LITERATURA NO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS – CAMPUS XXII DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB. EM EUCLIDES DA CUNHA




Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.